sexta-feira, 14 de maio de 2010

PARA SE LEMBRAR DE MIM

            Chegará o dia em que meu corpo está inerte sobre um lençol, num hospital. Num certo momento, um médido determinará que meu cérebro parou de funcionar e que, para todos os propósitos e finalidades, minha vida acabou.

             Quando isto acontecer, não tente prolongar minha vida artificialmente através de uma máquina. E não chame minha cama de leito de morte. Chame-a de leito de vida e faça com que meu corpo sirva para que outros tenham vidas mais plenas.

             Dê minha visão para o homem que nunca viu o nascer do sol, o rosto de um bebê ou amor nos olhos de uma mulher. Dê meu coração para uma pessoa cujo próprio coração tornou-se insuficiente para expressar o amor que o habita. Dê meus pulmões para alguém que precisa de oxigêneo para realizar seus sonhos e traduzir em ações seu idealismo. Dê meus rins para aquela mulher aque depende de uma máquina para existir e que deseja tão ardentemente envelhecer ao lado do marido amado. Dê meu fígado para aquele homem que precisa ficar vivo e recuperar a energia com que sempre lutou pelas causas mais nobres. Pegue meus ossos, cada músculo, cada fibra e nervo do meu corpo e encontre uma maneira de fazer uma criança aleijada andar.

             Faça com que explorem cada canto do meu cérebro. Pegue minhas células, se necessário, e deixe que cresçam para que se multipliquem, transformando em vida e esperança o sofrimento e desamparo dos seres humanos.

            Queime o que sobrar de mim e espalhe as cinzas pelos ventos para ajudar as flores crescerem.

            Se houver alguma coisa para enterrar, que sejam as palavras ásperas que eu disse, os gestos solitários que não fiz, os preconceitos que externei.

             Se você, minha amada, quiser se lembrar de mim, faça um gesto de carinho, diga uma palavra de estímulo, acolha o sofrimento de alguém que precisa de você. Se você realizar tudo o que eu pedi, viverei para sempre.

                                                                                                      Robert N. Test
                                                                                                      e Ken Knowles

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