A noite é também o período de sonhos. E Deus fala às pessoas no sonho. Durante a noite desmoronam todas as nossas ideias usuais de Deus. Elas são depuradas. Nessa experiência, somos convidados a nos despedir de nossa ideia de um Deus próximo, sempre pronto a nos atender e do qual nos apossamos com egoísmo.
Naturalmente, convém ter uma imagem formada de Deus. Mas precisamos aprender também que sua realidade está além de qualquer imagem. O fato de Deus ser o Outro, o não representável, nem mesmo isso pode ser representado. Isso é, de certa forma, a experiência que a literatura mística entende sob o conceito de "noite dos sentidos". Tal conceito significa: mesmo quando a fé não oferece mais qualquer experiência sensorial da presença de Deus e mesmo que o crente permaneça seco e frio, isso não impede que continue orando, na esperança de que a experiência dos sentidos volte a se manifestar. Ele acredita firmemente que Deu pode ser encontrado também um tal deserto espiritual.
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