"Àspero amor, violeta coroada de espinhos,
cipoal entre tantas paixões eriçado, na mão
das dores,
corola da colera, por que caminhos
e como te dirigiste a minha alma?
Por que precipitaste teu fogo doloroso, de
repente,
entre as folhas frias do meu caminho?
Quem te ensinou os passos que até mim te
levaram?
que flor, que pedra, que fumaça,
mostraram minha morada?
O certo é que tremeu noite pavorosa,
a aurora encheu todas as taças com teu
vinho, e o sol estabeleceu sua presença
celeste,
enquanto o cruel amor sem trégua me
cercaras,
até que lacerando-me com espadas
e espinhos abriu no coração um caminho
queimante."
(Pablo Neruda)
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