Na Índia, um carregador de água transportava dois potes grandes, ambos pendurados em cada ponta de uma vara que ele carregava atravessada sobre seus ombros. Em um dos potes havia uma rachadura, enquanto o outro era perfeito e sempre chegava cheio de água no fim da longa jornada entre o poço e a casa do chefe. O pote rachado chegava apenas com a metade do líquido.
Esse episódio seguiu durante três anos, diariamente: o carregador sempre entregava um pote e meio de água na casa de seu chefe. Com isso, o pote perfeito sentia-se orgulhoso de suas realizações. Porém, o pote rachado envergonhava-se de sua imperfeição e sentia-se miserável por ser capaz de realizar apenas a metade de sua tarefa.
Após perceber que por três anos havia sido uma falha amarga, o pote falou para o homem, à beira do poço:
- Estou envergonhado, meu senhor, quero pedir-lhe desculpas.
- Por quê? - perguntou o homem. - De que você está envergonhado?
- Durante esses três anos fui capaz de entregar apenas metade da minha carga, pois essa rachadura do meu lado faz com que a água vaze por todo o caminho. Por causa do meu defeito, você tem de fazer todo esse trabalho, e não ganha o salário completo dos seus esforços.
O homem entristeceu-se com a situação do velho pote e falou compadecido:
- Quando voltarmos à casa do meu senhor, quero que observe as flores ao longo do caminho.
De fato, à medida que eles subiam a montanha, o velho pote rachado notou flores selvagens ao lado do caminho, e isso lhe renovou o ânimo. Mas, ao fim da estrada, o pote ainda se sentia mal porque tinha vazado a metade da água, e novamente pediu desculpas ao homem por sua falha. Então o homem disse ao pote:
- Você notou que, pelo caminho, só havia flores no seu lado do caminho? Notou ainda que a cada dia, enquanto voltávamos do poço, você as regava? Por três anos eu pude colher flores para ornamentar a mesa do meu senhor. Sem você ser desse jeito, ele não poderia ter essa beleza para dar graça à sua casa.
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