quinta-feira, 23 de setembro de 2010

É ASSIM QUE TE QUERO AMOR

É assim que te quero, amor,


assim, amor, é que eu gosto de ti,


tal como te vestes


e como arranjas


os cabelos e como


a tua boca sorri,


ágil como a água


da fonte sobre as pedras puras,


é assim que te quero, amada,


Ao pão não peço que me ensine,


mas antes que não me falte


em cada dia que passa.


Da luz nada sei, nem donde


vem nem para onde vai,


apenas quero que a luz alumie,


e também não peço à noite explicações,


espero-a e envolve-me,


e assim tu pão e luz


e sombra és.


Chegastes à minha vida


com o que trazias,


feita


de luz e pão e sombra, eu te esperava,


e é assim que preciso de ti,


assim que te amo,


e os que amanhã quiserem ouvir


o que não lhes direi, que o leiam aqui


e retrocedam hoje porque é cedo


para tais argumentos.


Amanhã dar-lhes-emos apenas


uma folha da árvore do nosso amor, uma folha


que há-de cair sobre a terra


como se a tivessem produzido os nosso lábios,


como um beijo caído


das nossas alturas invencíveis


para mostrar o fogo e a ternura


de um amor verdadeiro.






     (Pablo Neruda)

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