quarta-feira, 1 de setembro de 2010

QUANDO FORMOS CAPAZES DE ACEITAR A MORTE

"Quando formos capazes de aceitar a morte simplesmente como outro aspecto do ciclo da vida, daremos consideração e valor a cada encontro, mesmo sabendo que ele jamais ocorrerá novamente.  O propósito da vida, afinal  de contas, é vivê-la, avançar a cada momento com ânsia e sem medo em busca de uma nova experiência que renove nossa mente, na satisfação da alma e do espírito.  De algum modo, embora limitada e secretamente, todos nós dependemos uns dos outros. Pessoas plenamente atuantes reconhecem este poder e sabem que ele tem origem na fonte, que é capaz de criar a luz ou produzir a escuridão. Nosso estado de espírito no começo de um dia pode afetar todos aqueles com quem estaremos em contato. O rio percorre seu curso. Tenham essa certeza. Não podemos escapar de nos movermos juntos e de afetarmos o que quer que encontremos. As pessoas plenamente atuantes compreendem que é no próprio ato produtivo que o poder e a importância de ser "pessoal" estão bem presente em nós.

        Todos estamos plenamente envolvidos em uma espécie de evolução progressiva. Somente através de nós, instrumentos de nossa singularidade e produção, é que poderemos nos envolver na ética do desenvolvimento. A base deste é uma crença na ação. De alguma forma, cada um de nós tem algo a oferecer, a dar algo a todo esse processo de evolução ou desenvolvimento.   Tenham, pois, a convicção de que aquele que entra no círculo da fé, entra automaticamente no santuário da vida.

          Cada ação faz com que nos manifestemos. É mais o que fazemos, do que o que sentimos, ou dizemos fazer, que reflete quem e o que somos realmente. Cada um de nossos atos faz uma declaração quanto ao nosso propósito.

            Mas não importa quão depressa ou devagar, serena ou arrebatadamente nos movemos, todos chegamos, eventualmente, ao mesmo fim do mesmo mar. Amigos (as), queiram aceitar de que sempre voltamos à fonte da qual nascemos. Somos, portanto, em um momento ou outro, o começo, o fim, assim como caminho, mas nunca somos. Somos, sim, uma parte importante em todo o processo, mas como todas as outras coisas, estamos apenas de passagem. Cada um de nós é uma pessoa única, com emoções, sentimentos, alma, centradas em  espiritualidade, mas também cada um de nós é também uma pessoa universal.  Somos, por si só, extremamente egoístas, consideramos a verdadeira vida como uma em que nossos sonhos pessoais se realizaram. Não nos preocupamos se milhares de pessoas vão para a cama, todas as noites, famintas e desesperadas, contanto que elas se mantenham longo de nossos olhos e nos deixem em paz. Pensando bem eu sei,  de que muitas pessoas não levarão em conta esta crônica, não importa, é o que penso neste momento.  Não nos importa se as crianças do mundo estão sendo espancadas ou não são instruídas adequadamente, não, efetivamente, não importa... Ora nossos filhos estão plenamente desenvolvidos e vão indo, e indo muito bem, e não temos responsabilidade pelos outros.  É somente quando tais crianças famintas nos agridem para roubar, ou somos maltratados ou aterrorizados em nosso lar, que passamos a compreender a vinculação de todas e tais coisas. 

         Desta forma, nós perdemos a nós mesmos, e ao fazê-lo o mundo também experimenta a nossa perda. Todos somos inocentes e em um curso sempre mutável... nínguém é  culpado. Nós também reunimos o polén sobre nossas roupas, e, sem sequer suspeitarmos, carregamos a planta para que espalhe sua beleza de vida em novas áreas inexploradas. A flor nasce da mesma fonte, viaja ao longo da mesma trilha, utiliza, momentaneamente, nossa proteção e compreensão para continuar o seu caminho. Sem nós, ela cairia no esquecimento e nós repudiaríamos todos que imitam o ânimo e a sabedoria das flores. É realmente nós não somos capazes... efetivamente não somos.


                                Pelotas, 1 de Setembro de 2010.

                                José Pedro Granero
                                Advogado
                                OAB/RS - 73217

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