segunda-feira, 24 de outubro de 2011

POR QUE PERDOAR QUEM ME AGREDIU?

        O Dalai-Lama afirmou, sabiamente, que todo ser humano é frágil e depende da compaixão do outro, a partir do momento em que nasce. Não somos como as girafas, que, ao nascerem, caem das alturas e meia hora depois já caminham com as próprias pernas.
     Mas, em vez de olharmos de maneira compassiva para as pessoas e seus erros, posto que são frágeis, deixamos que impere em nós o orgulho. É ele que abre caminho para a ira. 

     Não busque a felicidade, leve-a aonde quer que vá.

     À primeira vista, o orgulho se disfarça em dignidade, mas, em seguida, revela-se uma dignidade trágica. Partindo desse princípio aparentemente justo, os orgulhosos estacionam em seus projetos, sem ligar uma coisa a outra, porque se tornaram endurecidos, como rochas vivas. Não veem que se negar a amar o próximo é negar Deus com atos. E isso confere estagnação aos dias - em um ou mais aspectos.
     Até o fim da vida, muitos "cumprem" sua palavra de que jamais se curvarão perante essa ou aquela pessoa - às vezes um pai, uma mãe, um parente, um "ex". E, depois de terem perdido todas as chances, não raro choram desesperados, ao lado de um caixão, sua própria ruína, revelando nas lágrimas arrependimento pelo tempo perdido.
     A agenda dessas pessoas torna-se melancólica. Elas precisam fazer força para mostrar que estão felizes. Nenhum dia lhes é iluminado. 
     Não adianta colocar toda sua vida num projeto, sem que seu coração esteja limpo. Agir assim é colocar o velho a serviço do novo.
     Qual é o motor da renovação da sua vida?  Sem dúvida, um coração livre do peso morto das mágoas.
     Pense agora nas pessoas que você precisa perdoar. Por um instante. Fez isso? Agora, pergunte a si mesmo onde pode haver um ponto de solda, de conexão, entre você e elas. Será que você não consegue lançar-lhes um olhar compassivo?  Para provar razão, perde-se uma vida de paz. Quem sempre se acha coberto de razão, fecha-se ao diálogo. Quando sente orgulho da posição que tomou, a pessoa coloca-se acima do outro. Muitos se fecham, indiferentes. Outros se julgam no direito de provocar brigas para provar sua superioridade, sua razão. Nessa névoa, muitos lares se tornam campos de verdadeira batalha, ambientes de trabalho se assemelham ao inferno e ninguém consegue ter paz. 
      Quando você fica magoado, confina as pessoas a um lado obscuro e desconhecido que existe em você. Você as põe no lugar em seu íntimo onde jamais ousou sonhar, pois se tivesse iluminado todo o seu coração, nele não caberia julgamento nem ira. 


                                         José Pedro Granero
                                         Advogado

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