quarta-feira, 9 de maio de 2012

A FORMA COMO NOS VEMOS




           "A forma como nos vemos influencia todos os aspectos da nossa experiência, desde a maneira como agimos no trabalho, no amor e no sexo, passando pelo modo como atuamos como pais, educadores e até onde provavelmente subiremos na vida. Nossas reações aos acontecimentos do cotidiano são determinadas por quem e pelo que pensamos que somos. Os dramas da nossa vida são reflexo das várias visões mais íntimas que temos de nós mesmos. Assim, a auto-estima é a chave para o sucesso ou para o fracasso. E também para entendermos a nós mesmos e aos outros. 
        Não consigo pensar num único transtorno psicológico - a não ser os que têm origem em algum problema biológico - que não esteja relacionado à baixa auto-estima: ansiedade, depressão, medo da intimidade ou do sucesso, e de diversas outras ocorrências normais, como por exemplo disfunções sexuais, imaturidade emocional, suicídio, crimes violentos... De todos os julgamentos que fazemos, nenhum é tão importante quanto o que fazemos de nós mesmos. Uma auto-estima positiva é requisito fundamental para uma vida satisfatória. Ter uma auto-estima elevada é se sentir adequado à vida, isto é, competente e merecedor. Se entendermos uma auto-estima baixa é de se sentir inadequado à vida, desajustado, não sob este ou aquele aspecto, mas desajustado como pessoa. Ter uma auto-estima média é oscilar entre se sentir adequado ou inadequado como pessoa e manifestar essa inconsistência no comportamento - às vezes agindo com sabedoria, às vezes com estupidez -, reforçando, portanto, o sentimento de incerteza. 
       A capacidade de desenvolver uma autoconfiança e um auto-respeito saudáveis é inerente à nossa natureza, pois o pensamento é a fonte primordial da nossa competência, e o fato de estarmos vivos é o bastante para nos garantir o direito de lutar pela felicidade. Em um mundo ideal, todos deveriam desfrutar um alto nível de auto-estima, vivenciando tanto a autoconfiança intelectual quanto a certeza de merecer o que há de melhor. Entretanto, um grande número de pessoas não se sente assim. Muitas sofrem com sentimentos de inadequação, insegurança, dúvida, culpa e medo de uma participação plena na vida - uma sensação vaga de não ser bom o bastante. Esses sentimentos nem sempre são reconhecidos e admitidos de imediado, mas eles existem. É muito fácil nos distanciarmos de um autoconceito positivo durante o processo de crescimento e o próprio desenrolar da vida. Poderemos nunca chegar a uma visão feliz de nós mesmos por causa das informações negativas vindas dos outros, ou porque falhamos em nossa própria honestidade, integridade, responsabilidade e auto-afirmação,ou ainda porque julgamos as próprias ações a partir de uma compreensão e uma compaixão inapropriadas. Se desenvolvermos a auto-estima - significa que é trabalhar a convicção de que somos capazes de viver e somos merecedores da felicidade, e, portanto, aptos a enfrentar a vida com mais confiança, boa vontade e otimismo, o que nos ajuda a atingir nossas reais possibilidades e metas e a nos sentirmos realizados. Desenvolver a auto-estima é expandir nossa capacidade de ser feliz. Se assim entendermos poderemos chegar a compreensão de que é vantajoso para todos nos melhorarmos a auto-estima.  Pois, não é necessário que nos odiemos antes de aprender a nos amarmos mais; não é preciso nos sentirmos inferiores para querermos ser confiantes; não temos de nos sentir infelizes para querermos expandir nossa disposição para a alegria. Se estivermos consciente disso - estaremos mais equilibrados e equiparados para lidar com as adversidades da vida. Quanto mais flexíveis formos, melhor resistiremos à pressão de sucumbir ao desespero ou à derrota. Quanto maior a nossa auto-estima, maiores serão as chances de mantermos relacionamentos saudáveis, pois, assim como o amor atrai o amor, a saúde atrai a saúde - e a vitalidade e a sociabilidade são muito mais atraentes do que o vazio e o oportunismo. Mais inclinados estaremos a tratar os outros com respeito, benevolência e boa vontade, pois não o veremos como ameça ou como estranhos, uma vez que o auto-respeito é a base do respeito pelos outros. Então, diria - que a auto-estima é o primeiro passo para expandir nossas possibilidades positivas e a partir daí transformar a qualidade da nossa existência e fortalecer os nossos sentimentos positivos, sendo assim são essas as recompensas que a autoconfiança e o autorespeito nos oferecem, quanto maior a nossa auto-estima, mais alegria encontraremos no simples fato de existir, de despertar pela manhã, de contemplar o canto dos pássaros, de contemplar a singularidade da vida, de despertar pela manhã, olhar a brisa caindo, ver o nascer do sol no horizonte e de viver cada dia a beleza de dentro de nosso corpo. Diria que ninguém pode respirar por nós, ninguém pode pensar por nós, ninguém pode nos dar autoconfiança e amor-próprio. 
         Posso preencher todas as expectativas dos outros e, no entanto, falhar em relação às minhas; posso conquistar todas as honras e, apesar disso, sentir que não realizei nada; posso ser adorado por minha família, meus amigos, por milhões e despertar todas as manhãs com um nauseante sensação de fraude e vazio. 
          Assim como os aplausos não aumentam nossa auto-estima, também não o fazem os conhecimentos, a competência, as posses materiais. Esses fatores podem até fazer com que gostemos mais de nós mesmos por um determinado tempo, ou que nos sintamos mais à vontade em determinadas situações específicas, mas conforto não é auto-estima. 
           Infelizmente, existem muitas pessoas que procuram a auto-confiança e a auto-estima em todos os lugares, menos dentro de si mesmas, e, assim fracassam em sua busca.  Afirmo que a conquista espiritual, isto é, sim uma grande vitória na evolução da consciência. Quando assim a imaginarmos - sentirmos - compreenderemos quanta tolice há em acreditar que, se pudermos causar uma boa impressão nos outros, teremos uma auto-avaliação positiva.  Se tivermos a compreensão de que para ser merecedor da vida, se é o reconhecer que tenho competência e valor, se é a auto-afirmação da consciência, de uma mente que confia em si mesma, ninguém pode gerar essa experiência a não ser eu mesmo.  A importância de uma auto-estima saudável reside no fato de que ela forma a base de nossa capacidade de reagir ativa e positivamente às oportunidades da vida - seja no trabalho, no amor ou no lazer, na paz de espírito que nos possibilita desfrutar de toda a sua plenitude e existência.  A paz de espírito é a mais saudável das características e mais significativas da auto-estima e é ela que nos eleva no estado natural da pessoa que não está em guerra consigo mesma e nem com os outros."

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