"Um dia, enfim, na senda em que
vais, dura e flórea,
ao termo chegarás da exaustiva escalada;
e, depondo o bastão, a lira, a cruz, ou a
espada,
cingirás o laurel da mais alta vitória.
Um bardo, uma ovação, troféis... Depois,
mais nada.
Inda todo a fremir da áspera trajetória,
entrarás bocejando a áurea porta da
glória,
e olharás com surpresa a multidão calada.
Olhá-la-ás com rancor, vendo-a a seguir a
esmo,
vaga a eternos vaivéns e remoinhos sujeita.
E não terás razão, porque a glória é assim
mesmo.
A onda humana avançou, cresceu ergueu-te
numa investida triúnfal; depois, recuou
despeita...
Como há de a onda parar, para que brilhe a
espuma?
(Poesia 1931 - Amadeu Amaral)
Nenhum comentário:
Postar um comentário