Todas as pessoas desejam amar e ser amadas. Ouço sempre de novo pessoas se queixando de que ninguém as ama, de que não têm ninguém que as tome nos braços e que as afague carinhosamente, que lhes consagre total amor e que as considere a pessoa mais importante do mundo. Quando este desejo não encontra eco, ficam presas na autocompaixão.
Podem então as palavras do poeta francês Antoine de Saint-Exupéry, que figuram em uma de suas cartas, soar surpreendentes: " Já lhe disse que o desejo de amar já é amor".
O desejo de amor já é amor? Esta frase tem na verdade algo de consolador quando se examina a fundo sua verdade. No desejo de amor expresso que sou capaz de amar. O desejo de amor já contêm, portanto, amor. Experimento no desejo o amor pelo qual anseio. Mesmo que não possa sentir o amor, posso contudo sentir o desejo. Posso colocar minha mão sobre o coração e sentir o desejo de amor que aflora nele.
Não há amor sem desejo e não há desejo sem amor. Nós também reunimos desejo e amor no mesmo lugar do corpo, ou seja, no "meio do peito à altura do coração, lá onde comprimem suas mãos aqueles que sofrem de amor e de desejo". Com este gesto, damos a entender que em nosso coração está fluindo aquele amor que tanto desejamos.
É precisamente a tensão do desejo que torna o amor valioso e o impregna de uma profundiade insondável. Quando a felicidade do amor e o sofrimento indizível do desejo se encontram tão unidos, isto mostra também que o amor aponta sempre para além dele. Nele desejamos sempre também o amor absoluto e incondicional, o gozo eterno que nenhum parceiro terreno, nenhuma parceira terrena pode proporcionar.
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