Amo pessoas sonhadoras. São felizes. Pessoas com os pés no chão e atreladas às estrelas. Pessoas com o olhar no futuro, no horizonte, e as mãos na massa do cotidiano.
Sua missão determina suas vidas, move-as, impulsiona, joga-as para a ação com sorriso incontido no rosto. Sua missão é servir. Não possuem tempo a perder. Estão sempre para os outros. Todos as procuram, porque sabem que serão atendidos. Há um sem número delas que conheço e aprecio demais. Vendo-as renovo meu compromisso.
Uma delas é muito singular. Sempre a vi e ouvi falando bem dos outros. Fazendo o bem aos outros. Parece não ter dificuldades. Diante de problemas relativamente grandes, age com simplicidade, serenidade, como quem dissesse: "Não estou nem ai". E o final é feliz. Criatura de outro mundo celestial, onde não há choro nem lágrimas. Nem preguiça. Sua chegada, sua despedida, suas manifestações, seu agir, sua fala, seu silêncio, seu ser, sua postura, invariavelmente, estão a dizer para o outro: "Quero-te hiperfeliz!". Porque ela mesma não importa. Ela, no seu entender, nada é. Ela é, verdadeiramente, enquanto é para outrem. Enquanto promove os outros, celebra ocultamente. Pessoa de valor tal criatura. Toma-se de imenso valor ao desaparecer para que o outro cresça. Põe-se totalmente qual trampolim para que os outros atinjam os píncaros da glória e sejam felizes. Ela, na multidão, no silêncio, anônima, aplaude aquele que devia aplaudi-la. Quando crescer, quando ficar grande, eu também quero ser assim.
Aprendi, com pessoa tão humana, que o negócio é ser pequeno. Seu modo de ser me remete à palavra do Nazareno diante dos seus discípulos que discutiam sobre qual deles seria o maior.
- O que entre vós é o maior, tome-se o último; e que governa, seja como o servo (Lucas, versículo 22, capítulo 26).
(Frei Irineu Costella, capuchinho)
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