segunda-feira, 14 de junho de 2010

O QUE É A FELICIDADE VERDADEIRA?

            Certamente a felicidade que conhecemos não é a verdadeira; ela é feita de sonhos e sempre se transforma no seu oposto. O que parece felicidade em um dado momento se transforma em infelicidade no momento seguinte.

             Ora, a felicidade se transformar em infelicidade simplesmente mostra que as duas não estão separadas e que talvez sejam dois aspectos da mesma moeda. E, se você tiver um lado da moeda, o outro está sempre ali, oculto atrás dela, esperando apenas a oportunidade, o espaço, para se afirmar, e você sabe disso, ou deveria bem saber. Quando você está feliz, em algum lugar no fundo há o medo furtivo de que a felicidade não vá ali permanecer, ali durar, que mais cedo ou mais tarde ela desaparecerá, que a noite está vindo, que a qualquer momento você será engolfado pela escuridão, que essa luz é apenas imaginária e que não poderá ajudá-lo, não poderá levá-lo para a outra margem.

              A sua felicidade não é realmente felicidade, mas apenas uma infelicidade oculta; seu amor não é amor, mas apenas uma máscara de seu ódio; sua compaixão nada mais é do que sua raiva cultivada, sofisticada, educada, culta, civilizada, mas sua compaixão nada mais é do que raiva; sua sensibilidade não é sensibilidade real, mas apenas um exercício mental, uma certa abordagem praticada.

             Lembre-se que sempre fomos educados, a humanidade inteira foi educada com a ideia de que a virtude pode ser praticada, de que a bondade pode ser praticada, de que a pessoa pode aprender como ser feliz, pode dar um jeito de ser feliz, de que está dentro de seu poder criar um certo caráter que traz a felicidade. E tudo isso está errado, completamente errado.

             O que precisamos entender é de que o primeiro ponto a ser compreendido sobre a felicidade é que ela não pode ser praticada; ela precisa sim, apenas receber permissão de estar presente, pois, sendo assim, não é algo que você possa criar. Tudo o que você cria irá ser algo menor do que você, mais diminuto do que você. O que você cria não pode ser maior do que você; a pintura não pode ser mais grandiosa do que o próprio pintor, a poesia não pode ser mais grandiosa do que o poeta; sua canção fatalmente será algo menor do que você.

              Se você praticar a felicidade, você estará sempre ali, nas costas, com todas as suas tolices, com todas as suas viagens do ego, com toda a sua ignorância, com todo o seu caos mental. A felicidade sempre desce do além; ela precisa ser recebida, acariciada, como uma dádiva em uma imensa confiança, em uma total entrega. Em um estado de entrega, a felicidade verdadeiramente acontece.

              Caro leitor (a), apenas, lembre-se, deste instante, a felicidade é como perseguirmos o arco-iris, é como cortar lenha no campo, ao cortar pedaços de lenha não é perseguir a felicidade, mas sob o sol do alvorecer, quando ainda está fresco, o som do machado sobre a madeira... pedaços de madeira sendo atirados para todos os lados, fazendo um barulho e, depois, deixando um silêncio por trás... Você, certamente, irá começar a transpirar, e a fresca brisa o faz se sentir ainda mais refrescado do que antes. De repente acontece a felicidade, uma alegria não contida. Mas você estava simplesmente, ali, cortando lenha, e cortar lenha não precisa ser mencionado, porque não precisa, não tem relevância, mas que permanecem na memória. Essas pequenas coisas é que poderemos chamar de felicidade, nós, não conseguiremos entender, mas algumas coisas insignificantes... não se pode descobrir nenhuma razão para elas estarem na memória, mas elas estão, ali, e deixaram uma marca atrás delas. A busca da felicidade é algo impossível. Se você observar a sua própria experiência e encontrar momentos de felicidade, verá que fatalmente serão muito raros... Talvez em uma vida inteira você possa ter poucos momentos dos quais possa afirmar que foram momentos felizes. Mas, se você teve pelo menos um único momento de felicidade, uma coisa é certa, sem exceção: " aconteceu quando você não a estava procurando. "

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