domingo, 20 de junho de 2010

O TEMPO

             A nossa vida, o tempo, o passado nos persegue e conduz a um futuro ameaçador que parece e conduz a um futuro ameaçador que parece correr com a velocidade do raio, fazendo com que nos sintamos
despreparados e totalmente incapazes de competir. Se pensarmos no presente nada mais é do que uma zona de sombra tão apinhada de energias passadas e futuras que nunca nos comprometemos ativamente, a não ser quando uma dor aguda ou um grande prazer rompem o fio tênue de nossa atenção e abruptamente caímos ligeiramente no agora.

             Digamos, que lastimavelmente, para a maioria de nós seres, o agora está cheio demais de ruídos sem significado para permitir que nossos sentidos tenham uma sensação integral de plena paz.  O barulho nos deixa de fora o som que vira do nosso verdadeiro eu. Quando somos seccionados desse Eu divino, o que sentimos perde o significado e somos lançados à deriva num mar de confusão e de repetição. A percepção da finalidade é fundamental para o nosso processo evolutivo.  Indiretamente, todo o objetivo da realidade muda quando conseguimos encarar a experiência do ponto de vista vantajoso de nossas verdadeiras e reais finalidades. Na luz dessa intencionalidade onissapiente de nossa alma, as experiências negativas adquirem significado coerente como ferramentas que estamos usando para nos aproximar do ponto de esclarecimento e de crescimento interior. Nosso reconhecimento desse processo ajuda-nos a nos desacostumar do corpo emocional com que estamos viciados e que se alimenta dos dramas diários, procurando constantemente repetir os sentimentos pelos quais se identifica.

              Nesta superfície plana da vida diária existem indícios de níveis de percepção que poderiam nos libertar das rotinas do inconsciente. Nos interstícios da ilusão brilha uma luz reduzida demais para que possamos receber a bênção da integridade. E nossa vida a rotina age como um verdadeiro tampão contra a possibilidade de exploração fora do tempo e do espaço. Ainda assim, existe a vaga ideia de uma resposta a respeito de quem somos, que espera que iniciemos uma viagem interior.

              Quando focalizamos nossa consciência no âmago das profundezas do nosso ser, dissolvem-se os véus de separação enroscados na trama do tempo. É nesse instante que descobrimos que nosso corpo é um ponto de giração, um limiar virtual entre muitas dimensões e realidades, que fala diretamente ao que estamos criando para nós, neste momento.

               Falar o tempo ou sobre o tempo é um murmúrio, é uma ilusão, de como encontramos a luz entre aqueles interstícios e sua multidimensionalidade. O tempo é como uma verdadeira dança, um gesto bruxuleante da mente, uma orquestração da alma que se curva e se arqueia. Tem as três faces da verdade subjetiva, mas pode ser moldado, comprimido ou distendido pela causa e pelo efeito até ficar tão delgado que se torna a membrana impenetrável que confina a terceira dimensão. Somos, o que somos, amigos, - devemos por a consciência no passado e ela se torna viva; projetemo-la na bruma do futuro e ela nesse instante - paira sobre você e enche-o do néctar mais doce da vida.  Por, se assim pensarmos, nós, nós mesmos, paramos mesmerizados diante da sombra agigantada do tempo, com medo da lembrança do espaço e assim nosso destino fica vacilando em seu muro horizontal, sem ousar sonhar com a grandeza do além!

Nenhum comentário:

Postar um comentário